CRIAR E CURAR

CRIAR E CURAR

Fotografia: Philippe Biancotto/Madame Figaro

E se, em vez do divã, o psicólogo lhe apresentasse uma tela em branco? É esse o desafio da arte-terapia. A psicoterapeuta Maria Paula Guerrinha conduz-nos pelos caminhos mais inesperados da criatividade, rumo a uma existência mais feliz.

POR RITA LÚCIO MARTINS
In REVISTA MÁXIMA – SETEMBRO 2013 (p.128/129)

Nos últimos anos, depressão deixou de ser uma palavra proibida ou o diagnóstico reservado apenas a alguns, poucos, encaixados em quadros clínicos extremos. Com a crise, o desemprego e outros tantos desequilíbrios sociais, adensaram-se também os problemas psicológicos, fazendo disparar as taxas de depressão e as tentativas de suicídio. E o psicólogo passou a fazer parte das rotinas semanais de muitos portugueses. O preconceito que ainda podia subsistir relativamente a esta figura dissipou-se na necessidade de encontrar um bem-estar cada vez mais urgente. Ainda assim, a ideia de nos sentarmos frente a um desconhecido para abrir o coração e deixar escoar problemas, frustrações e medos continua a afastar algumas pessoas do consultório. Poderá, então, estar na hora de encontrar alternativas e é precisamente isso que nos dá a arte-terapia.

 O que é a arte terapia?
A arte-terapia é um método de intervenção terapêutica que utiliza o processo criativo como instrumento de transformação e tratamento de vários quadros psicopatológicos. A arte-terapia pretende adaptar e resgatar núcleos saudáveis e criativos no individuo através da utilização de mediadores artísticos como forma de comunicação e de expressão. Pretende-se ajudar o paciente/cliente a superar dificuldades pessoais e de relacionamento com os outros, promovendo o crescimento integral, o poder pessoal (empowerment) e o sentido para a vida.

Quais dirias que são as “vantagens” relativamente a outro tipo de terapias?
São sobretudo, três: a arte-terapia trabalha com a imagética de cada pessoa, isto é, com imagens mentais e criações artísticas. Estas imagens são reflexo do nosso mundo interno e da nossa vivência em relação a um determinado conflito, acontecimento ou estado de humor, e permitem ao paciente/cliente descobrir aspetos de si a um nível mais profundo. O acesso a essa informação é crucial para podermos compreender e modificar dinâmicas de comportamento e sobretudo ajustar estados emocionais. A imagem como símbolo pessoal e memória afetiva integra elementos racionais e emocionais, conscientes e inconscientes, lineares e complexos, construtivos e destrutivos. São retratos de Nós que fogem aos nossos mecanismos de defesa e, portanto, são fontes primordiais de auto-conhecimento e pontes para a mudança interior.

Por outro lado, a arte-terapia utiliza o processo criativo como ferramenta de trabalho o que implica o desenvolvimento do pensamento divergente, i.e., encontrarmos soluções alternativas para os nossos problemas e estratégias de lidar com o sofrimento.

Por fim, destaco a facilidade com que a arte-terapia trabalha a literacia emocional, numa sociedade que privilegia a literacia cognitiva e tecnológica. Quando falar se torna difícil ou quando simplesmente o paciente/cliente chega ao consultório referindo que se sente “mal”, há que intervir e desconstruir essa palavra e esse “mal” estar. Parece não haver palavras ou lucidez para descrever o que se sente e neste sentido importa ajudar a nomear esse sentir. “Mal” pode ser muita coisa: tristeza, desespero, saudade, zanga, inveja, frustração, etc. A arte-terapia facilita este caminho de abrir a porta e, num ambiente seguro e contentor acompanha o paciente/cliente a descobrir-se.

Será mais aconselhada em alguns casos específicos ou qualquer pessoa pode encaixar?
A criatividade é uma força interior presente em qualquer individuo. É ela que nos move para nos realizarmos como pessoas e desenharmos os nossos projetos de vida. Não se trata da criatividade artística, mas antes da nossa capacidade para encontrarmos sentido e significado para a nossa vida e superarmos obstáculos.

Como se define a arte/terapia especifica para cada caso?
Existem vários modos de intervenção em arte-terapia: vivencial, temático, integrativo e analítico. Consoante os motivos que levam o paciente/cliente ao consultório e considerando o perfil daquele, o arte-terapeuta irá optar por um determinado modo. Assim, a arte-terapia pode intervir junto de adultos, idosos, crianças, adolescentes ou populações com patologias específicas.

A verdade é que a pessoa não precisa de ter competências artísticas para realizar este tipo de terapêutica, mas não gostar de desenhar pode funcionar como um entrave, não?
A arte-terapia não pressupõe qualquer pré-requisito artístico. O arte-terapeuta intervém com recurso a diversos mediadores artísticos (pintura, desenho, modelagem, fotografia, colagem, expressão musical, expressão escrita, expressão dramática, expressão corporal, tabuleiros de areia, etc.) como instrumentos de expressão. As características do paciente/cliente vão orientar a proposta para um determinado mediador em detrimento de outro sendo que o arte-terapeuta está atento às resistências, às angústias e às frustrações subjacentes. O arte-terapeuta conhece muito bem as potencialidades técnicas e simbólicas de cada mediador e, portanto, irá sempre considerar a sua adequabilidade à pessoa em questão.

A parte oral, de conversa, de análise, também faz parte do processo?
Sim, a verbalização está presente ao longo do processo. É utilizada como meio de dar sentido à criação, associando aspetos de si, e como forma de organizar a informação e o pensamento. A arte-terapia também se diferencia das outras terapias neste aspeto. Integra o simbólico/imagem com o racional (emoção e razão) numa perspetiva holística do homem.

Onde podem as pessoas dirigir-se para uma consulta/mais informação?
Mª Paula Guerrinha
Arte-Psicoterapeuta
paula.guerrinha@gmail.com

www.paulaguerrinha.com

ou

Sociedade Portuguesa de Arte-Terapia (SPAT)
Campo Grande nº 30 – 10º C

REVISTA MÁXIMA – SETEMBRO 2013 - CRIAR E CURAR

tel: 21 099 89 22                      spat.pt@gmail.com                www.arte-terapia.com

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Arte-Psicoterapeuta
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